Literatura de Cordel
AULA MINISTRADA PELA PROFESSORA GUARACIARA SOBRE O CORDEL
"...A Cultura Popular é um magnífico tesouro que enobrece a alma do nosso país, encantando e dando lenitivo aos nossos corações. Ela abrange um elenco de manifestações que fazem parte do cotidiano do povo; um relicário de valores expressivos que vão se perpetuando através das gerações, e alimentando a memória viva da nação. Aqui, daremos enfoque especial a uma das principais expressões culturais da nossa população, a Literatura Popular..."
Parte da obra constante do Livro “O Reino Encantado do Cordel – A Cultura Popular na Educação”, de Rubenio Marcelo
A vida de um grande folclorista brasileiro
Rodolfo Coelho Cavalcante
Rodolfo Coelho Cavalcante
Sou um escritor popular
Que me tornei jornalista
E agora depois de velho
Mesmo sem ser romancista
Tornei-me até um biógrafo
Por isso entrego ao tipógrafo
A vida de um folclorista
No Brasil: Leonardo Mota,
Coutinho Filho, Cascudo,
Suassuna, Alceu Maynard,
Mário de Andrade no estudo
Do folclore brasileiro
Também Edison Carneiro
Do povo falaram tudo
Lessa — no Rio de Janeiro
Alagoas — Téo Brandão
Tenório Rocha, em Recife
O Liedo Maranhão,
Provaram que não se inventa
O folclore, se apresenta
Sem qualquer alteração
Neste folheto apresento
Um ilustre educador
Que é doutor João Chiarini
Renomado professor,
Vem o folclore ensinando
Do povo ao povo mostrando
Tudo que exprime valor
Nasceu doutor João Chiarini
Na cidade paulistana
Por nome Piracicaba
Cuja terra é soberana
No folclore que irradia,
Seu clima e topografia
Todo turista se ufana
Filho de Pedro Chiarini
Cidadão laborioso
E de Eulália Romero
Que soube honrar seu esposo,
Por esse casal de brilho
Veio João Chiarini seu filho
Folclorista valoroso
No ano de dezenove
O folclorista nasceu
Dezessete de novembro
Nesse dia apareceu
Em Piracicaba um astro
Para iluminar o mastro
Dos Chiarini nome seu
De João Chiarini e Maria
Mônica — os avós paternos;
De João Romero e Maria
Garcia — os avós maternos;
Dos Chiarini e Garcia
E dos Romero surgia
Um filho com dons eternos
Nossa genealogia
Nos Chiarini se firmou;
Desde criança aos estudos
Com altivez cultivou,
Ouvindo cururuzeiros
E os poetas violeiros
A sua infância passou
Aonde houvese folguedos
Do folclore nacional
João Chiarini, em criança,
Corria até o local
E bastante embevecido
Interrogava o sentido
Da sua origem, afinal
Foi ele assim pesquisando
Todos os festejos que havia
Fazendo os apontamentos,
Até que chegou o dia
Dentro de um estilo novo
Do povo mostrar ao povo
Que o próprio povo fazia
O seu livro: Cururu
Mostrou ao país inteiro
O folclore paulistano
Dentro do melhor roteiro,
Enfim todas as toadas
Como são apresentadas
Pelo bom cururuzeiro
O Verdadeiro falar
do caipiracicabano
Chiarini mostrou num livro
Em cinqüenta e sete o ano
Que a crítica elogiou
Pelo que ele pesquisou
Sem se mostrar profano
Foi no seu livro: O folclore
Da aguardente que provou
Ser um grande folclorista
No texto que apresentou,
Não folclore regional,
Porém sim, nacional
Que todo mundo gostou
Quem leu a obra: Folclore
de Piracicaba, bem
Ama a Noiva da colina
Que não inveja a ninguém,
Se folclore é tradição
Será morta a região
Que seu folclore não tem
Lendo a Festa do Divino
Trabalho do professor
Que é doutor João Chiarini
Sentirá nele o leitor
O mito e a realidade
Na religiosidade
Com misticismo de amor
O seu livro: Antologia
do cordel, por seus fulgores
Mostra uma panorâmica
Dos poetas trovadores
Que no Nordeste fulguram
E por certo se estruturam
Em reais educadores
Irá sair, brevemente,
Seu livro: A superstição
Do estado de São Paulo
E nele o professor João
Chiarini bem sustenta
Que folclore não se inventa
Ocultando a tradição
No Primeiro Festival
Pandorgas pela gente
Do Uruguai — foi Chiarini
Escolhido presidente,
Digo mais: O festival
Foi internacional,
Em abril — ano corrente
No Segundo Festival
de Papagaios, leitores
Foi doutor João Chiarini
Pelos seus altos valores
O juiz e desta forma
Soube dar a melhor norma
Agradando aos promotores
Foi vereador eleito
Por todo seu predicado
No ano cinqüenta e dois,
Pelo povo mais votado,
Porém, por sua analítica
Abandonou a política
Hoje é bom advogado
Pertence o nosso causídico
A centenas de entidades
Nacionais, estrangeiras
E várias sociedades,
O seu nome não se esconde
Porque ele corresponde
Com centenas de cidades
É presidente do Centro
de Folclore — conhecido
Por nome — Piracicaba
Pelo seu trabalho erguido,
Se tornando essa entidade
De cabal utilidade
De valor reconhecido
Mais de cinco mil artigos
Espalhados em jornais
Sobre folclore e dois mil
Pelos seus temas gerais
João Chiarini publicou
E por isso comprovou
Ser jornalista capaz
Quase três mil conferências
Sobre folclore e cultura
Em assuntos variados
Na sua boa estrutura
Tem brilhado o folclorista
Por seu um conferencista
De uma elevada figura
É Chiarini presidente
Na sua própria cidade
Da Academia de Letras
Pela sua idoneidade,
Seu mandato neste ano
Diz o piracicabano;
Finda, deixando saudade!
Da Academia Santista
de Letras como escritor
E à do Rio Grande do Sul
Pertence por seu valor;
Assim a biografia
De Chiarini em poesia
Vai narrando o trovador
Hoje, em ciências e letras
É João Chiarini formado;
Cursou direito em São Carlos
Com diploma comprovado;
Não é um sandeu qualquer
Mostra pelo seu mister
Ser um bom advogado
Também sociologia
E política cursou,
Folclorista de renome
Na carreira que abraçou
Cursando em filosofia
Tem plena garantia
Dos cursos que conquistou
Benfeitor dos trovadores
Do nosso país inteiro
Pois é o homem que incentiva
Todo e qualquer violeiro
E ao cordel nordestino
Tem dado o melhor destino
Do seu nome no estrangeiro
É pena que o trovador
Mais popular da Bahia
Não possa se externar mais
Narrando a biografia
Do professor João Chiarini
O homem que se define
Sem usar demagogia
Rico de imaginação
O grande conferencista,
Defensor da gente humilde
O excelente jornalista,
Lutando contra empecilhos
Fulgura pelos seus brilhos
O portento folclorista
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